AS FLORES QUE ME DESTES
As flores que um dia, entre beijos me deste,
Guardei-as todas em uma pequena caixa dourada,
E quando o sol se põe e a noite suave desce,
Vou com elas baixinho conversar em segredo…
E conto-lhes sobre o amor e sobre tristes ilusões,
Choro e rio com elas que espalham mansamente
Pouco a pouco o seu sutil perfume de outrora
Que em volta delas vem flutuar docemente…
Na mesinha, pego antigo copo de prata e cristal.
Lembrança das horas de amor sem igual...
E bebo com o vinho esta saudade estranha,
Uma saudade imensa e infinita
Que triste me fascina e me embriaga...
O espelho de moldura em prata cinzelada,
Teu doce presente que eu amava tanto,
Que refletiu outrora tantos risos de alegria
E agora reflete apenas meu dolorido pranto,
De lágrimas como estrelas consteladas,
Sintetizando em seus brilhos o meu passado
Mas de todas as flores guardadas, a mais rara,
Aquela que mais fala à minha fantasia,
São as folhas daquela rosa branca
Que a meus pés desfolhaste, aquele dia…