O CINZEIRO
O CINZEIRO
*Gilda Pinheiro de Campos*
Tenho sempre ao meu lado,perto do micro o cinzeiro de prata do meu pai. É como se ele estivesse presente,
ali, do lado me observando.Os objetos tem esse simbolismo, nos lembram quem usou, é como se ali ficasse um pouco da energia. Tenho momentos de muita saudade, de chorar, de reconhecer que a presença dele me acompanha.
Dizem que ele reencarnou, mas se foi em quem penso, já desencarnou novamente...Papai foi e continua sendo meu amor maior, quem mais me amou, cuidou enquanto pode, zelou e certamente se vivesse não passaria pelos percalsos que passei e ainda passo. O cuidado, amor, atenção foram bens preciosos que vivi com a presença dele. Foi breve, marcante,o que ainda me sustenta em termos de força e fé. Olho as fotos o semblante serio, nenhuma foto sorrindo, a carreira profissional, o jornalismo, o gosto por escrever,o curso de direito que não teve tempo de terminar, seus livros de capa vermelha que guardei por anos, mas que as mudanças acabaram por desaparecer. Papai gostava de carnaval, desfiles de grandes agremiações, passeios pela Cinelandia e Rio Branco, carnaval de rua. Como policial, escrivão chefe de polícia, quase sempre estava de plantão e me levava com ele. Fecho os olhos e lembro de detalhes. Também gostava de me fantasiar, baiana, odalisca, muita serpentina, confete, pandeiro. A casa do meu tio Floriano na Rua Mariz e Barros, era outro point nos carnavais e festa de Cosme e Damião. O cigarro, companheiro inseparável de papai. Ter seu cinzeiro de prata ainda comigo, me inspira e faz bem. Consigo ainda manter viva sua memória.
Valeu meu velho, te amo forever !