Entardecer

O céu tingia-se mais e mais de púrpura na região do horizonte, enquanto o leste via já nascer as primeiras estrelas da noite, escondidas no fraco azul. Adiante, as colinas verdejavam como de costume, erguendo-se no meio da copa das árvores que farfalhavam ruidosamente à brisa. Entre dois montes mais altos corria tranqüilo o riacho onde os últimos raios do sol ainda refletiam, como se despedindo. Entrementes, no céu as andorinhas cor de barro executavam o derradeiro vôo antes de se recolherem aos ninhos. Ao redor dos graciosos solares as flores em botões preparavam-se para adormecer, sob as janelas abertas ao ar fresco que soprava. Sem demora, o aroma apetitoso dos alimentos em preparo invadiu as alamedas e travessas do burgo.

Assim acontecia o entardecer. As nuvens repolhudas flutuavam vagarosamente pelo céu, até serem engolidas pela escuridão repleta de arcano da noite estrelada. Ao vento eram acrescentadas as risadas contentes e vozes que conversavam nas salas.

Assim chegava o anoitecer.