Ao acalento

Tenho medo, de te deixar entrar e acabar gostando da decoração que tu fizer aqui dentro, porque falar com você me da a sensação de que ao pentear teus medos vou me lembrar que são os mesmos que os meus.

Tenho medo quando nossas ideologias batem e nossas bagagens combinam, porque não sei se tenho coragem de comparar nossos vazios e descobrir que eles se entrelaçam e se preenchem e fazem morada um no outro.

Tenho medo de segurar tua mão, porque não quero ter que solta-la um dia ou me manter segurando ela com receio e o mundo segue nos obrigando.

Tenho medo quando te deixo ler o que eu escrevo porque não sei se você está preparado pra esse escárnio todo que mora em mim.. porque tenho medo que você goste da minha falta de vírgulas ou sinta o meu desespero por via dela.

Tenho medo de criar teorias com você de madrugada e encontrar as mesmas dúvidas nas entrelinhas e tenho mais medo ainda, quando você me conta coisas que ninguém mais sabe porque você gosta de ouvir sobre meus traumas de infância e ninguém nunca gostou.

Tenho medo da explosão que me toca e transcende porque duas pessoas são capazes de se destruir e eu não quero quebrar você enquanto tento te remendar e é sempre isso que eu faço.. porque não existe proteção da crueldade do mundo e me dói ser incapaz de te guardar de toda dor e de toda falta de luz.

Tenho medo que nenhum amor um dia nos ampare.

Te toco de longe com os olhos fechados e a alma aberta.

Soneto de Saturno
Enviado por Soneto de Saturno em 11/10/2017
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