Quando ele reapareceu...

As mãos gelaram... Pensei que a vista turva fosse resultado do dia estressante, cansativo...Mas não era. Ele sempre me fez o coração gelar.. e as mãos... e os pés... e a saudade imensa, guardada em tantas cartas adolescentes.. em recortes de dias passados tão felizes. Ele me faz falta. Sempre me fez tanta falta que eu precisei esquecê-lo pra poder sobreviver... Mas ele veio. Ele sempre reaparece como uma chuva inesperada: avalassando tudo.

Ele se comportou com a mesma diplomacia... gentil, me fez, por um instante, lembrar das poucas vezes que eu imaginei que seria feliz com alguém. Aprendemos a lidar com nossas angústias e distâncias... E desse dia em diante eu soube, sorrateiramente, que nunca mais me disvencilharia da sua saudade...

Ele apareceu como sempre.. me remexendo, me confortando.. como o amigo amante que se prende às minhas vestes, que a alma oculta em pensamentos... veio, como se soubesse que eu tenho mesmo vontade de conversar, de saber, de me divertir com as suas risadas tão escandalosas como as minhas. Mas veio em silêncio, já com medo de espantar a minha paz aparente.. de quando ele se vai. Sem saber que paz mesmo eu só tenho quando ele volta.. e fica.