A pausa.

Quando se faz uma pausa no pensar como uma opção para a integridade da alma.

Com a premissa de que nem todo dia se precisa ser transparente.

Atentando-se para que o postergar da análise do que se sente não ser mais que transitória.

Não ser mais que um instrumento de elucidação da confusão da mente.

Percebe-se que as tais emoções surgem com a mesma facilidade do ar que se respira.

E podem ser puras ou rarefeitas.

Contaminadas pelo meio ou simplesmente se esconderem dos olhos atentos.

Com nuvens que escondem os humores até o precipitar inevitável de uma chuva.

Que por vezes limpa e por vezes enlameia o território interior.

Tenta-se separar a intuição do medo de errar.

Tenta-se ignorar o incômodo de feridas que parecem ter sido cicatrizadas ontem.

E evitar qualquer contato físico ou em palavras se torna oportuno para não escorregar no chão molhado.

Ouve-se pisadas firmes de quem sabe que cair também faz parte, mas se acha em despreparo de lidar no momento com as quedas do caminho.

Percebe-se a inquietação de lidar com o que não se pode controlar.

A alegria da novidade se mistura com o pânico de tudo que se construiu involuir para as ruínas.

A dúvida faz o sangue correr apressado.

Esfria as mãos e tensiona a fronte.

Os dedos exigem movimentos.

E o interior explode em palavras escritas.

O alívio entra em ação antes da verdade ser revelada.

E o subconsciente alimenta a ilusão de que se pode escolher depois.

A razão exige evasão de interação humana.

E a mente adormece para não lidar com as cobranças próprias da vigília.

Reconhece-se o sistema danificado.

E se torce para o hiato ser despejado da rotina sem retorno.

Angela MT Melo
Enviado por Angela MT Melo em 26/12/2017
Reeditado em 26/12/2017
Código do texto: T6209188
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