OLHANDO BELÉM PELO MEU RETROVISOR

OLHANDO BELÉM PELO MEU RETROVISOR

Quando nasceste te chamaram, de santa Maria do Grã-Pará

Porém hoje te chamamos apenas Belém do Pará;

Olhando no meu para brisa

Te vejo vestida de concreto

Shopping e violência florescendo,

Até em bairros mais nobres.

Mas olho no meu retrovisor a minha saudosa Belém

E vislumbro o marco da primeira légua com inúmeros igarapés

O bosque Rodrigues Alves lhe acenando

O trem Belém \Bragança partindo e fumaça soltando,

E o maquinista apitando, que coisa paidégua!

Era na Tito Franco que a viagem iniciava

Quase morro de saudade, vi meu pai pela janela.

Fazendo uma convergência, no sentido Cidade Velha

Eu olho no retrovisor vi muitos barcos ancorados,

E sinto o cheiro de pirarucu vindo do Porto do Sal

Também me surge o Largo da Pólvora

Com foliões animados, pulando o carnaval.

Meu retrovisor é extenso, vejo a época do progresso:

Usina Brasil, Usina Timbó, Usina Romariz e Usina Progresso

Fábrica Portuense, Fabrica Palmeiras e Renda Priori,

Vejo a Fábrica Anjo da Guarda concorrendo com a Palmeira,

Sinto aroma da PHEBO, que exalava no Reduto inteiro,

Sinto o cheiro do óleo mutamba, e do Pau Rosa ditoso

Encontrados na Perfumaria Orion, ou no do Buraco Cheiroso.

Passei pelo Bar do Parque, sentado estava ali Ruy Barata

Tomando uma e compondo mais uma de suas canções,

Entrando na Estrada da Providência, com muita atenção,

Ouvia uma maviosa melodia, era o maestro Waldemar Henrique

Em seu piano, tocando Tamba tajá.

Vejo os edis, cogitando a presidência da Mesa da Câmara

Bem ali na Casa Albano; no Café Santos reunidos os comerciantes.

Atracados ao cais do Porto, vi o Itanajé, Itaité e outros Itas qualquer,

Vi os navios gaiolas: Sobral Santos, Benjamim e o Barão de Cametá

Não peguei o ITA DO NORTE, pois em Belém do Pará,

Minha cidade altaneira, estava timbrada minha sorte.

Da escadinha, via na feira, o fiscal Ver-o-Peso, e Mosqueiro e Soure

Também vi zarpar o Presidente Vargas para em Soure Naufragar.

No meu retrovisor apareciam, o Boulevart com seus cliper .

Eram coisas do Intendente, hoje não existem mais

Via o Igarapé das armas entrando na capital,

Os barcos singravam as águas onde descarregavam material

Vários utensílios de barro em frente da Tabaqueira

Eram potes, fogões e alguidares, e outros mais

Hoje temos a Doca com o Shoping imponente, frequentada por boa gente.

Meu retrovisor não é saudosista, pode ser memorialista;

Vejo por ele os campos de subúrbios, onde eram disputados

Os campeonatos suburbanos: Liberto, Imperial e o Norte Brasileiro.

Na época do natal, tínhamos muitas pastorinhas,

Encenando o advento, hoje não se ver mais.

Na quadra junina, tínhamos pássaros e cordões,

Eram Tem Tem, Periquito e Rouxinol

Onde está Iracema Oliveira, Tacimar Cantuária, Oséias Silva ( O Braguinha)?

Encenando Radionovelas e também no Teatro da Paz.

Poderia construí, 402 e dois versos, um para cada ano,

Mas ainda assim, me sobraria saudade, daquele tempo pretérito.

Tu és a Belém do Já teve e hoje já não tem mais

Mais teus filhos, tem muito mais: amor, orgulho e isso já satisfaz

Pois tu és minha, tu és tua, tu és deles, tu és a nossa,

Querida Belém do Para!

Belém, 4:30h do dia 01 de fevereiro de 2017.

SALENCAR- Samuel Alencar da Silva

salencar
Enviado por salencar em 28/12/2017
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