Oferenda

Sim. Eu me considero uma pessoa abençoada. O que eu chamo de benção é, desde sempre, um ato de amor. Sim. Sim. São incontáveis os atos de amor que me acometem vida. A começar por nascer num jardim. Sim. Sim. Sim. “Tudo no mundo começou com um sim”. Sim, eu nasci num jardim. Minha mãe, Flor. Meu pai, Cheiro. Esse o modo como sempre se trataram. Eu tinha 15 anos quando escrevi o primeiro poema Jardim, publicado em Aprendizagem no Espelho. Neste ano de 2017, eu plantei outro Jardim, publicado em Morada. Entre uma e outra jardinagem de palavras, minha mãe foi florir outra morada. Mas continua florindo meus dias. Cada um e todos. Vem dela essa oferenda diária de flores e cheiros que eu doo ao mundo. Descortinei 2017 remetendo ao cosmos uma rosa branca. Era o meu ano de paz. Des-peço ofertando um girassol. Nada a pedir. O infinito a agradecer. Sim. Sim. Foi um ano de movimento. Um ano de doação. Um ano sem fim. Sim. Sim. Sim. O girassol se doa. Doa a sua face. Eu doei a minha. A tudo o que fiz. A todos que me chamaram. Aos que passaram. Aos que partiram. Aos que me acolheram e abençoaram.  Gratidão a cada um. Gratidão, também, aos que me ensinaram a dobrar a haste e a não invadir com a graça da minha luz. A estes devo minha evolução poética sobre a verdade do silêncio e os segredos da noite escura.  Por fim, dedico este girassol a todas Pessoas, Animais, Flores, Árvores e Águas do mundo. E, Sim, desejo que 2018 seja um ano de verdadeiras alegrias e vivacidades. Não para uns poucos. Eu o desejo para Nós, um plural mergulhado no (a) mar UNI-VER-SAL.