Desigualdades e violência

Inspiração de manhã, desapareceu.

Saiu pela janela aberta que ofertou sol às paredes internas.

Acho que foi passear a beira mar, ou talvez tenha ido voar pelos céus, sem nenhum compromisso. Vejo andantes nas estradas. Os caminhos se cruzam na vontade de ir. Outros se encontram na saudade de voltar.

Reinam casebres solitários abrigando cansaço, nas beiras dos caminhos.

E lá longe, castelos e mansões, ostentam luxo; e no interior, não mais do que tédio e cansaço também.

É que as desigualdades criam andarilhos e carregam poderosos no colo.

Palco da vida suspende a cortina de cerração na manhã e logo mostra a imensidão.Tantos lugares e tantas pessoas! Ainda mais, tantas necessidades! E nem todas saciadas.

Inspiração partiu com a fome que segue matando, com a sede que vai sonhando fontes. Acena triste nas linhas do tempo e comenta sonhos pendentes nos rostos de cada ser. Leva bagagem vazia, pois a viagem é tão somente observar. Querer fazer é uma questão.

Ter poder para tanto é outra.

Inspiração saiu depressa pela manhã e passando ao lado do particular da violência e da impunidade, resolveu voltar apenas para lamentar as vítimas.

Veio cheia de mar agitado e de céu nublado... E chorou.