noite eterna
o ANO é DOIS MIL E DEZOITO
a CÂMERA é um abutre que sobrevoa
os destroços do planeta BRASIL
o LIXO TÓXICO
a CARNIFICINA e a AGRESSÃO
da nossa juventude
os prédios inacabados de heroína
onde vagamos como MONSTROS deformados
esbarrando
uns nos outros
fazendo gestos de masturbação debaixo
dos viadutos imundos
entre árvores mortas que crescem
no meio dos muros
torcendo o nariz pra pornografia barata
dos noticiários
as putas com GARRAS DE AÇO
perguntam se eu quero um pouco
da COISA BOA
enquanto fodem DEUS com
o dedo do meio
e desfilam sem calcinha sob a luz do néon
e as ruas cinzas de fortaleza
"criança você tem que sangrar um pouco",
mas eu guardo VAMPIROS escondidos na manga
nós moramos nas favelas do futuro
onde a vida não vale nada
e eu não quero sair desse
PARAÍSO tão cedo
eu quero ir pra berlim gravar um
álbum experimental
e derrubar o muro
com batidas eletrônicas LO-FI
eu quero luzes de néon amores e DIY
e conversas que antecedem
um assalto
o ANO é DOIS MIL E DEZOITO e
nós viveremos para sempre