um para bill

burroughs é o desolado

o amante carniceiro

órfão bagunceiro

o desconforto caótico

do buraco negro erótico

sugando tudo ao seu redor como

um demônio sentado no sofá

com as pernas

cruzadas

as palavras invisíveis que se

proclamam malditas

na voz rouca

e nas batidas cálidas do jazz

o travesti com batom borrado

e vestido costurado

que sobe em cima da mesa

e começa a dançar

o carrasco do sistema

a falha no mecanismo

o cão sem dono que uiva surdo

pela madrugada

o vinho derramado pelo tapete

sobre a luz trêmula

a loucura elétrica que vem do chão rompendo

as dobras do inferno

e o grito inacabável que ecoa

noite adentro.

William S. Burroughs (05/02/1914 - 02/08/1997)

Arthur Rabelo
Enviado por Arthur Rabelo em 06/02/2018
Código do texto: T6246241
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