subterrâneos

Começando sempre às 9.

um ateliê pornográfico no apartamento abandonado. com reboco inacabado e o esperma de mil homens grudado na parede. ele me disse "só as doidas vão atrás de tu", de um jeito ou de outro era verdade, pra quê melhor. ela morava no apê da senhora peituda que vendia drogas. passávamos horas na calçada alta conversando, ela não falava coisa com coisa, mas era legal estar na companhia de uma garota depois de tanto tempo, olhando seu corpo, seus olhos, suas tatuagens, suas marcas no braço, ouvindo-a falar todo tipo de merda. era uma garota perigosa. eu não sabia o estrago ela tinha feito e nem queria saber. éramos os renegados e nos escondíamos num abrigo subterrâneo para ninguém nos ver. um dia a velha morreu e ela estava com outro na calçada. o mesmo toque, o mesmo olhar. cheguei em casa e disseram que eu tava com o diabo no corpo, eu disse "saiu".

Arthur Rabelo
Enviado por Arthur Rabelo em 07/02/2018
Código do texto: T6247608
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.