Sem Título
um momento, já sinto o leve desespero,
é agora que alcanças o seu anseio,
outro dia, uma nova dor que vai acontecer,
uma nova manhã, outra cruz vai florescer.
podando os galhos que não vão lhe servir
abre-se caminho a outro que podem convir,
diz-se que está distante da petála rubra,
o fruto se perde, antes que o descubra.
preso a novas correntes, o vazio o cerca,
a escuridão que o antes o protegia, o cega.
estende-se seu bem ou mal, esvaziam
os corpos que - desde sempre - os nutriam
por fim esquece-se das margens do horizonte,
finge que não importa por estar dissoante.
rejeita o destino, desesperado, a sua porta
ocultando a verdade: Que nada mais importa.