Incerteza

Chegara pontualmente no lugar marcado. No entanto isso não fazia o menor sentido.

- Vou ficar mais algum tempo e vou embora!

A voz saira com convicção, mas o pensamento já perdia a força. Afinal, tinha razão em não dar tanta importância àquilo, mas uma parte de si viajava bem mais alto nos sonhos e insistia naquela certeza.

Que certeza?

A única que tinha era que tudo era incerto. Imprecisso. Confuso. Todo o seu mundo ficara Angustiante de novo.

Chegara, enfim.

Não havia nada de importante naquele encontro. Nem mesmo ela sabia que aquilo era um encontro, mas naquelas palavras e naqueles gestos que eram feitos, havia algo mais que uma simples amizade.

Tentara ver nela algumas coisas cruciais para saber se era verdade. Sem resultado. Algumas coisas pareciam ser e outras, não. Como sempre, não conseguia perceber as coisas óbvias do amor e insistia em tentar atuar para parecer o que era antes até o fim do encontro. E ela se vai.

Outro dia, outra atividade a realizar, a mesma dúvida. Sim, eram amigos mas, estaria ela naqueles gestos tentando dizer que aquilo poderia ser algo mais? Que ele poderia chegar e dizer que estava disposto a respeitar, viver e amar? Porém a indecisão era dar o primeiro passo, era saber se a resposta seria positiva, se realmente havia aquele sentimento que ele imaginava.

Impaciência, mãos inquietas, risos soltos, mãos passadas nos cabelos inconscientemente como sinal de desassossego.

Talvez esses sinais positivos que identificara fosse apenas algo que quisesse ver, que imaginasse para poder dar continuidade aos seus sonhos infundados. Afinal, já fora sonhador um dia.

Uma coisa estava decidida. Não iria tomar nenhuma atitude no momento, mesmo sabendo que isso impossibilitaria a aproximação, ficaria ali, quieto, em silêncio, aguardando um sinal real, pois assim não se machucaria nem machucaria a ela, assim calado, distante, morto...

*Pedido: Comentem! Gostando ou não...