O DISCURSO E SEU DUPLO

Hoje nos faremos em um texto absurdamente livre: sem tema, sem propósito ou qualquer pretensão.

Será um texto calado, aleatório, para simplesmente dizer nada em meio a toda tagarelice de artigos e livros que tumultuam estantes, livrarias e cantos de casa.

Há mais discursos do que cabeças no mundo. Mas cada um de nós não é importante para qualquer um deles. Isso também se aplica aos seus pretensos e vaidosos autores.

Este discurso que aqui e agora quase existe e acontece, no acaso de alguma outra folha em branco, apaga-se a cada palavra e se desmente a cada frase em uma outra versão de si mesmo.

Neste exato momento seu duplo é lido por algum desconhecido do outro lado do planeta que não faz a mínima ideia de que exatamente, neste mesmo instante, você ocupa os olhos com o outro lado daquelas linhas.