Se vá

Deixe que tudo se vá devagar, feito poeira, deixando rastros, marcas, poemas. Que se vá de mansinho, aos poucos, de leve. Tudo é tão breve. Apenas carregue: uma maçã, um bloquinho, duas canetas e um punhado de verve. Pode precisar! Também leve, se assim quiseres, um clarinete, caso queira tocar. Faça composições, esquemas, joguetes, esquetes. Viaje. Andarilhe pela neve. Faça, antes de mais nada, outras pessoas felizes. Deixe tudo limpo. E alegre. Há outro sentido pra vida, que não apenas o dinheiro, a bonança, a ansiedade e a febre. E quando cansar, acenda um cigarro, um charuto, um baseado. Pesque! Faça o que der na telha. Mas não te maltrate tanto. Assim, desse jeito, vai seguir sufocando.

Tu não merece.