* A linha e o trem

Tenho uma grande atração por trens , e por tudo que os envolve.Fazem parte de minha infância,então associo_os a coisa boa.

Numa pequena e pacata cidade do interior de Minas,Coronel Xavier Chaves, passa uma linha. A primeira vez em que lá estive me encantei com a visão, a montanha verdinha e uma enorme lagarta, cheia de gominhos carregando nas costas um monte de minério. Gosto muito também do som do apito. Então tive de ver de perto e fui fazer caminhada. Sinto até hoje o barulho da água do ribeirão por baixo da ponte formando uma cachoeira. Mais adiante as vigas de sustentação monumentais, caiadas de vermelho do barro e da poeira encrostados pelos anos, servindo de abrigo para pássaros e ,dizem, até de cobras. O gado solto no caminho,as flores do campo de todos os tamanhos e cores.

E depois da longa subida,lá esta ela:a linha, serpenteando pelo caminho. E chegar numa linha de trem e não caminhar nos dormentes da sua estrutura não tem graça. E a caminhada começava por ali até além do túnel, bonita imagem ,digna de muitas fotos.

De repente as pedrinhas entre o ferro e os dormentes começavam a mexer, um apito ensurdecedor, era ele ,vem lá, dou um pulo pro lado e fico a observar o monstro cuspindo fumaça, assobiando e cantando sua clássica canção: café com pão...manteiga não...café com pão...manteiga não. Passa o último vagão e o vejo sendo engolido pela montanha através da boca do túnel. Ponho a mão nos trilhos ainda quentes, sinto o vento soprando meus cabelos e sigo a caminhada imaginando quantas pessoas mais escutarão aquele apito? Quantas pararão para o ver passar? E perguntarão pra onde vai tanto minério de ferro.

Inspirado na crônica* "A linha e o trem "de J.Estanislau Filho

Regina Sorriso
Enviado por Regina Sorriso em 22/08/2018
Reeditado em 22/08/2018
Código do texto: T6426316
Classificação de conteúdo: seguro