A letra e o sim
Sim, eu preciso de muitas palavras.
Não há talvez.
Aborto as ideias uma após outra.
Temo a imensidão.
Eu receio não comportar toda amplitude.
Finjo que não ouço as vozes que alucinam meus tímpanos.
Deixo sílabas no elevador.
Frases inteiras sob o tapete.
Sim, são incontáveis palavras.
Sinto-me verbo.
Seguro predicados.
Retenho as ideias em minha traqueia.
Regurgito apenas excessos.
E sigo o temor, ao tempo que anseio a explosão...
Encerro poesias quase sem finais...
Desejo o infinito mais que o próprio desejo.
Imagino o mar de palavras em que estou envolta.
Choro os fins.
Cada ponto é uma ideia encerrada.
Sangue derramado entre a letra e o sim.