Venha doce

Vem a mim, amada amiga, que te espero mergulhado em ansiedade. Amargo aguardo, porém que faço em êxtase, sabido que, cedo ou tarde, há de ser minha e, quando o for, o será para a eternidade.

Faz-me presa do teu abraço apertado, do qual não ousaria fugir e me oferece o cálido colo que preciso para deitar a cabeça e confortar o coração. Enxuga-me as lágrimas com suas delicadas mãos, que me arrepiam o toque pelo terror e prazer inocentes. Honrai-me com a experiência de provar seus sabores, de vislumbrá-la tal como é, em sua nudez e intimidade, sem fantasias ou alegorias, apenas você, sem mistérios, sem mais.

Por isso rogo, amante suprema, que não tarde demais a vir. As aventuras ébrias da vida não mais acariciam o ego com tamanha sutileza e cândida ternura que só sentiriam aqueles que a ti aprenderam a amar, implacável, porém plácida, como só em ti poderia reunir tão antagônicas qualidades.

Não me tome por apressado ou desesperado, uma vez que é sina dos apaixonados terem pressa, tampouco trate meu sentimento como algo fugaz, dada a natureza efêmera de tal sentimento no seio do homem. Convicto estou de que, quando houver de ser o tempo, e será, disso não ouso duvidar, saberemos, tu e eu, que perdurará tanto quanto o baile do sol e da lua.

Oh! Tu que temo, deita-te comigo essa noite. Sei que será a primeira e a última vez, e é isso que a fará especial e única. Uma noite de medo e gozo em que juntos seremos um, por fim, neste momento do apoteótico desfecho. Venha doce...