Santa Vitória da Boa Morte

De repente, um povoado no meio do sertão

Ruazinhas esburacadas e arenosas

Margeadas por grama seca

No centro uma igrejinha com um imenso cruzeiro de madeira nobre avermelhada

As casas fechadas, a única bodega fechada

Homenzinhos vulgares bebem aguardente debaixo da única árvore verde do lugar

Uma Gameleira antiga e leitosa

Homenzinhos tristes e amarelos bebem para esquecer a insignificância de suas vidas vazias

Olhos curiosos nos observam pelas frestas dos casebres paupérrimos

Feitos de adobe e coberto por telhas cumbuca ou sapé

No fim da vila um cemitério rodeado por um cercado de troncos tão secos e antigos

Que parecem enormes ossos

Na entrada uma cancela grosseira e sobre ela um portal de madeira com uma cruz

E sob a cruz uma caveira bovina de aspas largas

A estrada a esquerda, já fora do povoado uma ponte de madeira

Sobre um riacho de águas barrentas mesmo na estação da seca

Pergunto o nome, "Riacho Morto" me respondem

Pergunto se o povoado tem um nome

'Santa Vitória da Boa Morte" me disseram

Pergunto a mim mesmo se haveria em nossa língua

Um outro nome para um lugarzinho tão singular...

Geraldo Rodrix
Enviado por Geraldo Rodrix em 09/02/2019
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