Fogo e ar

Utilizei sua substância, ardi por ela e com ela, aqueci seu entorno; seu ar morno subiu, foi às alturas e retornou, e minha brasa, agora chama, brilhou ao máximo, na plenitude de sua força e vigor - enfeitando e iluminando, aquecendo e vibrando, movimentando-se no compasso das suas brisas. Complemento, a simbiose perfeita.

Mas o oxigênio acabou, meu fogo tudo consumiu; o vento ficou forte e apagou a grande chama, agora restou uma brasa oculta que não consegue se restaurar no ar viciado que nos circunda. Falta-lhe a substância, como a você falta calor. Seu ar abafado apagou meu fogo, meu fogo impaciente consumiu seu ar. Usamo-nos demais, por tempo demais - sem trégua, sem pausa.

Consumimo-nos sem nos dar por isso.

Preciso de novos ares, substância nova que me dê vida, elementos outros que reacendam a antiga chama, ou outra, talvez mais brilhante agora; a você, devo abrir as janelas, para que outros ares entrem e se confundam, refrescando o ambiente com gotas de chuva. Até a poeira será bem vinda: pedaços de outros lugares, ar novo entrando e prometendo dias melhores. Dou-lhe a liberdade para alimentar outras chamas, distribuir a umidade, movimentar as areias e alterar as paisagens - as dunas subindo e descendo com sua brisa, a esperança mudando de lugar.