VIDA DE BOIA FRIA

Todo dia é a merma coisa:

Acordo di madrugada...

Pego a marmita gelada...

E saiu pra trabaia!

Pego o baú lotado...

Sintino um calô danado...

Cum muita gente si isfregano.

O patrão já istá isperano...

Pra ‘eu pegá no batente.

Já istá meio descontente...

Prumodi que ‘eu cheguei atrasado.

Num era ‘eu o errado...

Prumodi dessa situação.

...Já mi bota numa sinuca...

Prumidi que tenho que dá uma discurpa...

Devido o meu atrasamento.

Meio sem contentamento...

Ele acaba aceitano.

Porém fica me oiano...

E me manda trabaiá.

Uma lixaiada limpá...

Eita serviço pesado...

Fico todo istrupiado...

Mais tenho que ganha uns tostão...

Pra modi compra o pão...

Quando chega o fim da tarde...

Istô que é só o bagaço.

Divido o meu cansaço...

Mermo cum o baú lotado...

Eu cuchilo encostado...

Prumodi que num tem outrá saída.

Im casa a muié me ispera...

Ais vezes me diz uma pilherá...

Prumodi que ‘eu passei no buteco

Pramodi tumá um ingasga gato.

Quem sabe meu Deus um dia...

‘eu ganho na loteria e me livro dessa sina...

De vida de boia fria.

Luiz Pereira
Enviado por Luiz Pereira em 28/03/2019
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