AMIGO DO RIO

Hoje fui rever um antigo amigo,

Fui falar com ele, fui falar e fui ouvir.

Amigo as vezes é expressão que reflete a capacidade que algo ou alguém tem de compreender.

Desde criança, quando fui levado a ele pela primeira vez, pude sentir que ele era capaz de me entender.

Quando toquei minhas mãos em suas águas e meus pés se molharam em seu leito, consegui sentir sua grande paz.

Neste dia ele me falou de alegria, me cantou uma canção que tinha mais cores que o arco iris.

Me falou de magia e mistérios, me revestiu de encantamentos.

Sua voz era suave, mas as vezes se tornava forte como pai quanto bravo.

eu o escutava através de uma melodia que penetrava em meu ser.

Hoje ele estava sereno e barrento, mas me recebeu feliz.

Não me perguntou muita coisa, só uma coisa indagou a mim.

Quis saber onde andava meu coração, que ele não percebia e nem pode sentir.

A minha imaginação voou alada e buscou na lembrança antigas moradas.

Recordei outros tempos e velhas estradas, como não sabia a resposta ficou calada a minha alma.

Ele me disse que tem hora para amar e hora se deixar ser amado.

Perguntei a ele por que estava calmo e suntuoso assim, ele me falou de fartura e de travessuras, falou de conquistas e de estreitas passagens, falou me de amor e até sofrimento em suas margens. seu silencio refletia insegurança no futuro.

Antes de pedir para eu ir, me falar mais um pouco ele quis, disse que em algum lugar em suas veredas, ainda dança a menina sereia, nas rodas de luar claro, sob o véu das estrelas.

Me garantiu que ainda em meio ao frescor de suas águas ouvirei o tambor, o alegre e o chamador.

Me falou que ainda veria o dançar do carimbó sob a copa do juá, a farinha de puba, o assai puro e o tacacá.

Nessa noite disse ele, o lobisomem´m e o boitatá e toda a falange da águas e da mata vão no concilio me apresentar.

Afirmou ele que nesta data, meu coração, tal qual pirilampos em noite escura e úmida, estará lampeiro a saltitar, na batida incerta de quem resolveu se apaixonar. (56.711-15