Amor à primeira vista

Lugar perfeito, hora perfeita, luminosidade perfeita, clima perfeito... E você mais que perfeita... Tudo conspirando para meu aprisionamento: os astros, o tempo, a natureza, todos em silêncio preparando meu cárcere. E, soando como voz de prisão, sua imagem então surge e completa a paisagem à minha frente... Me sinto algemado... Aprisionado de corpo e alma... O mandato supremo de prisão havia sido decretado e acabara de ser cumprido... A partir daquele instante me tornei um réu, desprovido de argumentos, sob acusação de ter aberto os olhos àquela paisagem e aprisionado uma bela imagem na retina dos meus olhos... Vossa imagem... Não havia testemunhas a meu favor, os únicos presentes naquele episódio não podem se pronunciar, os astros e a natureza debocham do réu com seu silêncio e indiferença... Agora só me resta pagar pela mazela, aceitar a árdua penitência da coita, ser prisioneiro do amor até que vossa imagem seja então retirada dos meus olhos e devolvida às mãos de quem a desenhou... O autor de tal arte mora nos céus, onipotente e onipresente, Ele está em todos os lugares fiscalizando suas obras... Detectou minha fraude, me sentenciou no mesmo momento... A lei agora está sendo cumprida, e estou pagando pela infração... Infração esta que não consta em nenhum código penal vigente no mundo, não tem código nem data de criação, é conhecida apenas pelos corações dos seres humanos, chamada de “Amor à primeira vista”!

Paulo Cristian
Enviado por Paulo Cristian em 22/09/2007
Código do texto: T663790
Classificação de conteúdo: seguro