Poetas Emigrantes Não Imigrados!
… Não como a fama do gigante de Bronze, da Grécia, com suas pernas conquista, espaçadas, todas as terras, aqui em nossos portais lavrados pelo pôr-do-sol marinho.
Uma mulher poderosa, com uma tocha, cuja flama é o relâmpago aprisionado, e seu nome, mãe de todos os Exílios.
De seu punho farol brilha a acolhida abrangente, seus olhos meigos, comandam. O porto, estendido nas alturas emoldurado pelas cidades gêmeas "Guarde terras ancestrais, com sua pompa histórica!",

Grita ela com lábios silenciosos, "Dêem-me os cansados, os pobres, suas massas apinhadas, que anseiam por respirar em liberdade.
A recusa desventurada de seu porto abundante envia a mim esses desabrigados assolados pela tempestade.
Ergo meu tocheiro ao lado do Portão Dourado…

 
Poema gravado em Bronze no Pedestal da  Estátua da Liberdade para os milhões de Emigrantes que procuram na terra Americana um abrigo seguro, é o símbolo da promessa de liberdade.
Mas o que poucos sabem, é que o poema gravado nos pés desta estátua, famoso em todo solo Americano, e que expressa a angústia e a esperança destes homens, é de autoria de uma poetisa judia Americana nascida em Nova York logo, portanto, é lógico pensar que esta Poetisa não foi Imigrante – já nasceu lá, e lá deixou o seu Sonho de liberdade eternamente.
Emma nasceu em 1849, em Nova York,  filha de uma abastada família Sefardita. Educada por tutores particulares demonstrou muito cedo seus dons poéticos, publicando em 1867, seu primeiro livro em versos, "Poemas e Traduções". Coletânea escrita entre a idade de 14 a 17 anos, chamou a atenção de Ralph Wald Emerson, Poeta com o qual Emma se correspondeu durante muitos anos. Sua aptidão para a poesia foi grandemente louvada por Bryant e Whitman.

Em 1871, no seu segundo livro "Admerus e outros poemas" contém um trabalho com tema judaico, "Na sinagoga judaica de Newport". Esta poesia foi reproduzida pelo "American Hebrew", jornal da comunidade judaica, juntamente com a tradução de Emma de grandes poetas sefarditas da época de ouro da Espanha, como Ibn Gabirol e de Judah Halevi. Segundo alguns estudiosos da diáspora Transmontana Emma tem ascendentes Judeus em Portugal do tempo da Inquisição.

A onda de perseguições na Rússia, aos Judeus, que resultaram em uma migração em massa para os Estados Unidos, afetou a vida e as ações da Emma Lazarus. Mas para Emma, as palavras não eram suficientes para exprimir sua angústia e preocupação com os milhares de refugiados judeus que chegavam a terras americanas.


Certa vez o poeta americano William James escreveu para Emma: "O poder de brincar com palavras e pensamentos deveria ser o ponto culminante de uma vida rica em muitos outros aspectos". Mas o que se tornou "o ponto culminante" na vida de Emma foi seu incansável trabalho de assistência aos milhares de refugiados judeus que perseguidos chegavam famintos. Emma juntou-se a grupos judaicos de assistência e lançou-se em todo tipo de trabalho. Nada era duro ou difícil para ela. Chegou a usar seu próprio dinheiro para ajudar os emigrantes em sua fase de adaptação.
Quando o poeta James Russel Lowell leu seus versos, escreveu: "Gostei do soneto mais do que gostei da Estátua da Liberdade. O soneto deu ao objeto em questão uma ‘raison d´être’, (um razão de ser) que é, sem dúvida, necessária mais do que o pedestal".

O meu Poema a “Balada do Emigrante Luso” foi escrito após a minha saída de Angola em 1975, em circunstâncias que muitos já conhecem porém foram poucos os da minha faixa etária, e acima, que me souberam interpretar da forma que o fez o meu Saudoso Amigo, Jornalista Fernando Cruz Gomes que Deus já lá tem.

De: Silvino Potêncio (ano 1975)
Pelas ruas da amargura,
Eu passeei o meu coração.
Vi todos de alma pura,
A caminho da emigração!
De longe... lá do fim do mundo,
Aonde a saudade é remota.
Eu desci ao poço sem fundo,
Quando eu voltei à minha porta. 
Nesta minha volta a casa,
Encontrei tudo tão mudado.
Fui Emigrante sem nunca ter Imigrado.
Como pássaro que não tem asa,
Eu me tornei um "Retornado"!
Vivi triste e sem destino,
Passo na rua acabrunhado.
De volta ao meu caminho,

Eu orei ao Senhor Roubado!... 
 
Ao ler este meu poema, Fernando Cruz Gomes escreveu-me uma carta, sem que eu jamais o tenha encontrado pessoalmente;
 “ Deixem o Silvino chorar. As suas lágrimas juntam-se às de muitos outros, espalhados pelo mundo. Pode ser que façam um mar.
Um mar só nosso. Que nos una a todos. Mesmo àqueles que da lei da morte se foram libertando.
Olá, Silvino! Eu também choro... sabe?!
Só não tenho – não consigo ter – a sua habilidade de amarfanhar os sentimentos.
E tentar que pareçam sorrisos... as tristezas de uma alma que é igual à sua”. ( Fernando Cruz Gomes – Toronto)

Depois de receber esta carta eu ainda escrevi muitos outros poemas meus relacionados com o Mar. Foram quase  cinco anos passados no mar e ali sim,  nem somos emigrantes nem somos imigrados... na imensidão do mar somos apenas parte de de um "sonho de uma noite de verão"... Talvez o único modo de chegar mais  perto da liberdade interior que temos cada um de nós sem interferência de pensamentos externos.
- Porém,  hoje fico por aqui.

Um forte e fraterno Abraço Transmontano a todos!


 
Silvino Potêncio
Enviado por Silvino Potêncio em 17/05/2019
Reeditado em 17/05/2020
Código do texto: T6649715
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