Amor e resistência

Sonham-me os pássaros em minha nuca, seu alvoroço e liberdade;

e ainda alguma voz,

tão breve quanto abrupta, pura quanto serve, clara quanto nunca a vida nos controla.

Movem-me sentidos que eu germinei, um a um, em unidade, para que as minhas raízes não soubessem ódio e asco.

Move-me uma bondade que eu adivinho, mas não diviso sem chorar.

O seu hálito - nicotina e hortelã - também me move.

Como o dos que têm fome.

E se a voz que me traduz por agora soa, meu doce amor, inda obscura, é ela que me assegura de ir aonde falta sonhar pássaros livres, viver que não se vai só, sentir fora da órbita do ar de devastação que atravessa lá fora.