Verso contido.

Um verso enfurecido na placenta se revolta!

Chuta, grita!Invoca todas as facas...

Mas a fala na superfície é inflexível, não quer concebê-lo.

Um verso explode cada letra de nervosismo e raiva,

Os pingos nos “is” são pavis curtíssimos, embaralham e desembaralham as palavras, mas a pseudo-consciência moral é dura e não quer admiti-lo.

Um verso ultrajado quebra, por todas as vezes que se chocou com a delimitação membranosa da bolsa. As palavras belicosas brigam entre si.

Despedaçadas todas elas, a fúria já é cinza e o sentimento adormece...

Só então o lacre é rompido.

Bah!

Rompimento tardio...

A fumaça escura que sucedeu a batalha de palavras idealistas e ativistas numa antítese enfurecida, foi só o que restou, o que conseguiu ser visto...

Mas ainda hoje as palavras que aguardam numa fila indiana seu uso se machucam nos destroços do verso oprimido.

A causa dele não foi destruída...

Os pedaços ardem impenitentes.

Um verso cujas vírgulas apodrecem...

Mesmo despedaçado, a idéia sobrevive...

Um verso gélido e agora sem pausa,

Um verso que se conserva ainda mais ardente!

Brianna Gordon
Enviado por Brianna Gordon em 29/09/2007
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