Introspecção
Um riso estéril ecoando pelas veredas da mais uma noite insone.
É a verdade suprimida pela vaga lembrança de tua voz furtiva, num amalgama cintilante entre a calmaria de fugir ao teu colo, e tremer em tua ausência.
À noite, eu simbolizo o fruto imortal dos nossos sonhos cauterizados, nutrido pela seiva do não ser; quase durmo, e então quase acordo, levando nas manhãs o brilho dos teus olhos indecifráveis.
Perene talvez seja a caminhada, que desnuda-se enquanto carrego na palma das mãos as estrelas do nosso céu, seguindo, sem rumo, com passos incertos.
Acorrento-me em salas e apartamentos.
A vida corre fora dos escritórios, enquanto eu me afogo em mais um gole de café. Em busca da cura, peregrino pelas obscuras esquinas das afeleadas memórias.
Alcançar-te é perpassar pela catarse da lágrima.
Fazem rios em meu rosto, acariciam a minha pele, mas não se bastam.
Não há fim, e o início perde-se nas estepes exauridas da minha rotina.
Meu peito rasga ao sentir teu cheiro nas vagas de um oceano dantesco, e eu, enfim, sorrio ao colocar-te em cada canto de meu mundo.