Introspecção

Um riso estéril ecoando pelas veredas da mais uma noite insone.

É a verdade suprimida pela vaga lembrança de tua voz furtiva, num amalgama cintilante entre a calmaria de fugir ao teu colo, e tremer em tua ausência.

À noite, eu simbolizo o fruto imortal dos nossos sonhos cauterizados, nutrido pela seiva do não ser; quase durmo, e então quase acordo, levando nas manhãs o brilho dos teus olhos indecifráveis.

Perene talvez seja a caminhada, que desnuda-se enquanto carrego na palma das mãos as estrelas do nosso céu, seguindo, sem rumo, com passos incertos.

Acorrento-me em salas e apartamentos.

A vida corre fora dos escritórios, enquanto eu me afogo em mais um gole de café. Em busca da cura, peregrino pelas obscuras esquinas das afeleadas memórias.

Alcançar-te é perpassar pela catarse da lágrima.

Fazem rios em meu rosto, acariciam a minha pele, mas não se bastam.

Não há fim, e o início perde-se nas estepes exauridas da minha rotina.

Meu peito rasga ao sentir teu cheiro nas vagas de um oceano dantesco, e eu, enfim, sorrio ao colocar-te em cada canto de meu mundo.

Eduardo G Silva
Enviado por Eduardo G Silva em 20/09/2019
Reeditado em 26/09/2019
Código do texto: T6749241
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