Ultima Respiração

A vida vai terminar no primeiro suspiro da manhã, onde um jovem com pouca idade não tem a menor suspeita do que pode vir acontecer caso ainda permaneça vivo. E por causa desta ínfima indecisão ele quer chegar o mais próximo da sua identidade, se tornar finalmente alguém e deste modo, na esperança, ser notado. Já que todas as suas possibilidades coadunaram num fracasso de tentativas vãs que no menor estalo partiram em insignificantes pedaços. Assim como essa pequena pedra que apareceu no caminho, o jovem respira como se fosse à última vez que inalasse aquele ar tão soporífico que entra em si em todo o instante. Contudo, mal podia saber que esse desejo também cairia no fracasso, visto que ele ama demais para poder, agora, nesses seus vinte e poucos anos desfazer de todo possível plano que poderia galgar nos próximos anos. Deste modo, ao fechar olhos, segundos antes do João Pestana derramar os grãos de areia, adveio pensamento único que aquele dia não fora último, visto que por mais de tedioso a vida pudesse transparecer a ele, ocorreu um problema, ele a amou e dela não podia ainda desfazer, entretanto, havia uma outra sapiência, era de que a vida é uma mulher e como tal não podia ser conquistada, e sim tem de estar a todo o momento a conquistando. E caso compreendesse que a havia conquistado, então, era porque já morreu. Ficando a perda como a maior lembrança de um amor que nunca veio a cabo.