Versos livres III
Versos livres III
Vejo que as perturbações da saudade percorrerão todo o caminho semanal comigo.
A lembrança dos teus gestos causa minha inquietude,
ela me domina e por momentos que parecem infindáveis
e absorve cada gota de paz que tento desesperadamente guardar.
Você está lendo o reflexo desta perturbação,
advinda da idéia de que não posso tocá-lo
e, sobretudo da consciência de que de fato existe a possibilidade abominável de perdê-lo.
São palavras ressecadas, em conjunto, uma linguagem que dispensa suntuosidade, exagerada inspira o desejo núcleo do meu espírito.
O que devo fazer pra me manter de pé?Fantasiar um dia dentro deste, no qual eu posso escrever e entregar pessoalmente?
Tentar acreditar que não é considerável, e ver no nosso drama uma tragicomédia?Se a primeira não cabe a segunda é que é completamente irrealizável...
Vi o mar assim que cheguei, vi rapidamente na areia umedecida todas as manhãs de praia que transcorriam sem que se pudesse prever tempos como estes...
Mas foi a chuva que me ofereceu uma visão mais ampla!
Foi quando me escondi dela na escola e observei durantes alguns minutos silenciosos a graciosidade das gotas que se chocavam com a calçada e desenhavam no chão que pude sentar e descansar...
Lembrei que posso ver teu semblante na beleza de todas as coisas que me cercam.
Não que isso me impeça de sentir tua falta, mas encontrei nisso um refúgio.
E como eu preciso desse refúgio!
Maior que a saudade é a perturbação que ela causa,
maiores que a perturbação, são os raios de fúria que a mesma lança na tentativa de desintegrar esse sonho que me sustenta.
Brianna Gordon