Em tempos como estes

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"E assim sempre haverá parada e ida, e rápido e lento

Ação, reação, bengalas e pedras e ossos quebrados

Aqueles da paz e aqueles da guerra

E deus abençoa estes e não aqueles

Mas estes fizeram tempos como estes

E tempos como aqueles

O que será, será..."

(Jack Johnson)

Desperta em mim um animal acuado que sangra. Animal enjaulado que ataca, fere. Resiste. Em tempos como estes desperto a fera adormecida e a transporto para a vida. Em tempos assim, de percepção, os olhos são de fogo. Por pouco, não te matam. Tempos de força bruta, de dilacerar. Morder. Dentes de aflição. Caninos. Lupinos. Matas em chamas, pêlos chamuscados, entrevida, atrevida... bandida. Tempos de cio, de rio pela coxa, de muito riso e uma lágrima perdida dentro da boca.

Em tempos como estes se morre de fome, de garganta enxuta, se galopa sem ferraduras. De corpo inteiro. Em tempos de presságios, sortilégios, quiromantes, amantes, distantes, pensantes, rompantes; em tempos assim, se acorda em meio ao sono. Insônia. Em tempos finitos se enlouquece e desenfreio. Arremesso. Não meço. Arremeto. Meto.

Em tempos como estes, atiço. Vou para a guerra beber a tua paz. Lamber a tua ferida. Passar a língua no fio da tua navalha. Sangrar entre as coxas e abortar a dor.

Em tempos como estes, em tempos como outros, ainda falo de amor e sinto teu amor; em tempos, como se não houvera tempo e que fosse agora.

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