Sem rima

Era uma tarde manhosa calorenta e úmida

Sentado em uma cadeira de fio um ser descansa, cochila tranquilo, ao seu lado um cão.

No aparador uma taça de vinho esperava para ser sorvida.

Desajeitado apruma um pouco o corpo, sua mão busca o cálice e seu olhar fixo no nada denuncia que seu espirito não esta ali.

Distante em algum lugar de seu vasto passado, seus olhos observa uma figura, personagem de sua vida.

Pequena de cabelos castanhos ondulados e rebeldes como as ondas em uma manhã de rebentação.

Seus olhos são negros, negros como a noite sem lua depois de um entardecer chuvoso.

Sua pele e de um morenado claro,Como o são as cabaças maduras.

Seu nariz fino e pequeno mostra a inteligencia do ser que o possui, mas também denuncia a esperteza de um espirito bravio, mutável como o são as nuvens levadas pelo vento no verão.

A boca de lábios finos completa a singeleza de um rosto perfeito,rosto feliz e curioso da vida.

O sorrir moderado mostra dentes na cor do leite e com a cor do marfim.

Seu corpo e suave, nada é grande ou pequeno, mas tem a exata medida da angelical beleza, ela é um pequeno anjo, isto no sentido explicito de que todo anjo é um diabinho!

Linda e pura como a florada do cafezal!

Se vestia com um vestido azul com detalhes em brancos, nas costuras que envolviam seu colo tinha fios de um dourado brilhante.

Suas orelhas pequenas não portavam brincos, mas seu pescoço tinha uma gargantilha fina de ouro, nela se pendurava um coraçãozinho valioso.

Ela observava os pássaros que sobrevoavam o encontro dos rios, parecia admirar lhes a beleza e liberdade, a destreza e suavidade.

Desperto, mas ainda sonhador, um ser chacoalha a cabeça como querendo derrubar de si os pedaços antigos de sua vida, sorve a bebida negra e se levanta, volta para a realidade de seu viver! (56.711-15)