CUORE SPEZZATO

Deixa tocar uma música que eu não conheça, numa língua estrangeira que pareça falar de mim na minha cara e eu nem perceba.

Quando acabar repete, na minha cabeça, eu quero bis pra todo som que abafe a desilusão. Estou por um triz. Isso não pede tradução.

É tempo de ver o amor ruir junto à vidraça ou se perder na fumaça que embaça a vida por trás de cada trago.

Me serve do teu gim um gole amargo e sem gelo. Decerto há de ter aí um apelo dentro, um veneno guardado.

Deixa a palavra por conta abolir os sentidos. Deixa a lei fora disso. Se vais me matar ou morrer que te importa aturdir quem nada sabe de ti ou de mim?

Quem mais nobre foi de nós dois o aprendiz nessa arte infeliz de atentar a razão?

Nosso caso foi tipicamente um senão. Um homem feroz, a doce menina. A casca mais fina da pele abrasão sobre a funda ferida feminina, o olhar predador, perdição.

Hoje quem te diz não já rogou por favor.

Improvável que o amor se apresente no fim.

A taça em meu nome ergue exasperado, querendo que eu caia a teus pés feito tonta.

Cobra a conta ao meu coração e deixa tocar o bolero ruim este refrão com versos rasos aguados, rasgados dentro de mim.

ROSE VIEIRA
Enviado por ROSE VIEIRA em 01/04/2020
Código do texto: T6903376
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