CUORE SPEZZATO
Deixa tocar uma música que eu não conheça, numa língua estrangeira que pareça falar de mim na minha cara e eu nem perceba.
Quando acabar repete, na minha cabeça, eu quero bis pra todo som que abafe a desilusão. Estou por um triz. Isso não pede tradução.
É tempo de ver o amor ruir junto à vidraça ou se perder na fumaça que embaça a vida por trás de cada trago.
Me serve do teu gim um gole amargo e sem gelo. Decerto há de ter aí um apelo dentro, um veneno guardado.
Deixa a palavra por conta abolir os sentidos. Deixa a lei fora disso. Se vais me matar ou morrer que te importa aturdir quem nada sabe de ti ou de mim?
Quem mais nobre foi de nós dois o aprendiz nessa arte infeliz de atentar a razão?
Nosso caso foi tipicamente um senão. Um homem feroz, a doce menina. A casca mais fina da pele abrasão sobre a funda ferida feminina, o olhar predador, perdição.
Hoje quem te diz não já rogou por favor.
Improvável que o amor se apresente no fim.
A taça em meu nome ergue exasperado, querendo que eu caia a teus pés feito tonta.
Cobra a conta ao meu coração e deixa tocar o bolero ruim este refrão com versos rasos aguados, rasgados dentro de mim.