SAUDADE DO MEU AMOR

Hoje acordei com uma tremenda saudade de você. Porque razão tem dias que a saudade é mais sentida? É como se faltasse uma parte em nosso corpo. Um nó na garganta denuncia a falta do seu nome, a falta do seu olhar, a falta do seu sorriso encantador. Como é bom sentir saudades de você. Mas ao mesmo tempo é ruim não ter você por perto. Você sabe que eu não consigo combinar roupa, quando tenho que me vestir para alguma ocasião mais importante. Você sabe exatamente o que eu gosto de vestir e o que fica bem em mim. Sabe amor! Nesse momento estou olhando um porta-retrato seu, aliás nosso. Estamos juntos nessa foto. Você se lembra como riamos, quando o fotografo veio tirar essa foto nossa. Foi naquela viagem de férias. Estávamos sentados num banco da praça. Ele gentilmente perguntou se queríamos uma foto. Concordamos imediatamente. Ele com sua maquina fotográfica antiga, tipo lambe-lambe, lembra? Achamos engraçada a maneira como ele preparava a maquina para a foto. Começamos a rir junto e não conseguíamos parar. Ele também começou a rir, e pacientemente esperou. Mas só conseguimos diminuir o riso. E ele, com sua pratica, observação profissional, soube que aquele momento era o ideal e eternizou aquele momento. Acho que foi nossa melhor foto junta, tão simples, tão espontânea. Amor, estou colocando água naquele vaso que você plantou aquela flor que roubamos do jardim da praça. Engraçado como ela floriu tão rápido. Ela tem a cor dos seus olhos. Olho para ela como se estivesse olhando para você. Ela é tão pequena e meiga, exatamente como você. Querida, lembrei-me agora da noite que você disse SIM ao meu pedido de namoro. Tínhamos saído para conversarmos, tomamos sorvete, passeamos a pé pelo parque que fica próximo da sua casa. Quando perguntei se você queria namorar comigo, você disse que iria pensar e no dia seguinte daria a resposta. Que sufoco para mim. Deixei você na sua casa e fui andar pela cidade. Não conseguia ficar parado. Mil pensamentos passavam pela minha cabeça. Um suor banhava minha camisa nova, que você achou bonita, mas não combinava com aquela cor de calça. Achei bonito você reparar e ter dado uma sugestão. Andei pela cidade mais ou menos 2 horas. Não agüentava mais. Voltei e fiquei em frente da sua casa. Sentei no chão. Estava disposto a ficar ali até o dia seguinte. Voltar para minha casa seria o caos completo. Nem conseguiria dormir. Olhei para o relógio, 02:00 hs. da madrugada. O vigia da rua passou por ali e perguntou se estava tudo bem. Não sei por que razão expliquei a ele o motivo de eu estar ali. Ele riu e seguiu a sua ronda. Comecei a dar voltas, suava, o coração palpitava, a boca tinha secado, estalava os dedos das mãos numa ansiedade enorme. Nessa altura já tinha tirado a camisa, o tênis. Chutava o vento, coçava a cabeça. Não agüentei mais. Fui bem em frente a sua janela e gritei. O mais alto que pude. Gritei. Chamei seu nome. Varias vezes. As luzes da sua casa foram acendendo, o cachorro começou a latir. As casas dos vizinhos, portas e janelas foram se abrindo. Da sua casa também. Finalmente você apareceu na janela. Linda e assustada. Corri até o portão e perguntei a você:

É sim ou não ? Você começou a rir. Que sorriso lindo. Balançava a cabeça como não acreditando no que estava vendo. Na certa via um menino apaixonado, um homem apaixonado de verdade. Não havia melhor transparência de sentimentos naquele momento. Era o meu pedido rasgando a noite. Pra você, era a certeza do meu amor. Gritando a todos pulmões. Você não parava de rir e balançava a cabeça, num gesto afirmativo. Mas não me bastava o SIM com a cabeça. Eu queria ouvir você dizer, queria ouvir sua voz. Queria sentir com que emoção você estava dizendo SIM. A sua família, os vizinhos todos riam alto. Uns batiam palmas pelo gesto louco, outros olhando o relógio, outros mais zangados diziam que iria chamar a policia. Eu gritava com todos, para que fizessem silencio. Mas nada. Ninguém me ouvia. Acho que minha voz não conseguia sair, estava rouco. Então, sua voz se fez ouvir. Você pediu silencio a todos. Como que hipnotizados, todos silenciaram e ficaram olhando para você. Eles também queriam saber a sua resposta. Você respirou bem fundo e disse bem alto, no meio de um sorriso lindo, encantador, feliz, vibrante, que se fez ouvir por todo quarteirão.- SIM......SIM.........SIM.......EU QUERO SER SUA NAMORADA.

Meu Deus!...Aquilo foi demais. Por um instante não sabia o que dizer. Queria tanto ouvir isso e agora não sabia o que fazer. Todos olharam para mim. Eles também queriam saber da minha reação. O que dizer? Por favor meu Deus me ajude....As palavras não saem. E eu preciso dizer alguma coisa. Foi o maior silencio que tive na minha vida. Que segundos angustiantes. Então, eu disse, finalmente, a única frase que deveria falar naquela hora e não havia outra. – Eu te amo.......Eu te amo!. Todos bateram palmas e eu também. Num gesto de agradecimento, não só a você, a mim, pelo momento, pela resposta. Comecei a pular e a gritar seu nome. Era um menino que tinha ganho o melhor presente da sua vida. Você mandou um beijo e fechou a janela. Nem me importei com isso. O SIM já tinha sido dito. Fui embora gritando, pulando, agradecendo a Deus todo instante, a você, a vida, a tudo.

- Amor!. Por favor! Não demore tanto no banho. Estou nu no quarto e não sei qual roupa vestir. Estou atrasado para o emprego. Venha, me ajude querida.

Di Camargo 09/03/2005

Di Camargo
Enviado por Di Camargo em 15/10/2007
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