É tanta tristeza, são tantas mortes. Amontoados de vidas lançadas à própria sorte. Meras estatísticas e o luto vira verbo. Necessidade? Amanhecer, mais uma vez, seria milagre? Talvez seja vil castigo, amanhecer vivo entre tantos mortos. Talvez o mundo esteja morto. Viver é mais que respirar. Viver vai além. Viver é amar. Mas o amor é pretérito imperfeito. É substantivo abstrato. Quando seres humanos se resumem a números e a dor do outro já não importa, nem sei mais quem é que de fato está vivo ou morto. Dói a humanidade. Vidas trajadas da maldade, com suas almas mortas e suas crueldades imortais. Porque é tanta dor, caos, descaso, escárnio, escarro e ódio, que viver, por entre estes ditos vivos, agora, tanto faz. Jaz a alma, a igualdade, a bondade e amor por entre os mortais.

Texto e fotografia @leaferro

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Léa Ferro
Enviado por Léa Ferro em 11/05/2020
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