O MAR EM FRENTE
Que me dobrem os joelhos, a pele curtida não sangra mais e aquele adeus sem dor vai raiar algum dia nalgum lugar que saberás mas eu nem desconfio, sem perceber ainda sou o peão nas raias da ilusão a pó, o ego por um fio hostil ao desengano, patrulha o horizonte à cata de quem ontem partiu, na noite enchuvarada da quase madrugada, o mar abrindo ao meio e o amor dentro findo, flácido de espera, túrgido de mágoa, na travessia de outro sonho mundano, tortuosa trilha de uma dor cigana que se esvai ao fundo d'água e replica em vagas o rugir abissal do oceano.