Palavras
Na verdade eu não escolho as palavras, elas é que decidem ser proferidas por mim. Eu sou apenas o meio elas são princípio e fim, eu sou só quem cuida do jardim.
Elas se movem e aglutinam-se em frases, capturam acentos, caracteres especiais e crases, argumentam, discutem, brigam e formam poemas quando fazem as pazes.
Escolhem sempre sua melhor forma, às vezes optam por poesias e outras dissertação, eu só lhes dou vida, sem entrar na discussão.
Possuem acesso irrestrito a minha memória e meus pensamentos, floreiam ou demonizam novos e velhos momentos, exorcizam meus demônios e lamentos.
Obrigam-me a dizer o que sinto, recusam-se a aparecer se minto e escondem-se em um imenso labirinto.
Eu sou uma espécie de psicógrafo, da cena que criam, um mero fotógrafo, são elas que desenham e fazem jus ao meu autógrafo.