Prosa acerca das palavras e das idéias

O bicho da escrita veio ter comigo novamente esta manhã. E me parece e ordena como um marido, altivo e cheio das manhas.

Caminhando como de costume, vim confabulando muito comigo mesma. Um dia normal, frio, o vento soprava por entre meus ouvidos. Sem me dar conta, as palavras foram tomando formas na minha mente, passadas, voadas, poucos minutos depois já me eram como idéias que exigiam aprovação.

O vento soprava e elas iam entrando por um ouvido e, ao contrário do dito popular, se alojavam dentre outras tantas em processo de formação.

Antes eu achava que toda mísera palavra deveria tombar ao papel. Agora creio diferente. Somente as idéias deverão ser escritas e sem tanto repensar para que não se percam na sua essência, por culpa de um velho e erudito português. As alterações, que sejam pequenas melhorias, considero válidas, desde que a mensagem permaneça a matéria-prima. O primeiro sentido das primeiras idéias é o mais belo que se pode obter, visto que descem direto da cabeça para subir, logo em seguida, ao coração. Eu digo que a palavra é, antes, um pensamento, que permanece para se tornar um dom de Deus.

E este trecho me saiu do medo de não ter palavras a dizer.