Pedras no caminho...

Havia uma pedra no meio do caminho, no meio do caminho havia uma pedra. (Drumond)

Haviam tantas...

A pedra da rejeição... a primeira, juntei! Com esta, a pedra da dor.

Depois destas, muitas encontrei!

A pedra do ciúme, senti. A da inveja, invejei.

Na pedra da arrogância tropecei, caí, machuquei.

Atrás da pedra do medo me escondi, disfarcei.

A pedra da intolerância recolhi, depois joguei.

Assim como recolhi e joguei a pedra da afetação e, guardei por longo tempo as pedras da culpa e do ressentimento.

Sofridamente, carreguei as pedras da tristeza e do desamor.

Drumond não falou que haveriam tantas...

Nem tampouco o que fazer com elas.

Muitos caminhos pedregosos trilhei.

Apedrejei e deixei-me apedrejar.

Na travessia incontáveis pedras.

Sofridos pesos... esbarrões, tropeços, quedas, desvios, cansaço.

Absorta, algumas não reparei entre o pedregulho.

A vida foi gentil comigo, antes que o efeito Medusa me petrificasse, mostrou-me: ainda há caminho, ainda há pedras a encontrar...

Hoje encontro outras que me ensinam a lidar com aquelas.

Seja livrar-me de algumas, seja lapidar outras.

Admirar as que despercebidamente, ficaram entre os cascalhos da bagagem.

Seja, juntar a estas, outras tantas...

A pedra da humildade, a do perdão, a do amor. A pedra da esperança, do sonho e, a pedra da coragem.

Desejo juntá-las todas, e junto à pedra bruta do meu ser, entregue ao cinzel me deixarei esculpir.

E, minh'alma por fim, será um ser liberto!

Livre como um grão de areia que rola em meio a tantas pedras e, livre permanece,

Livre também serei!

Gelci Agne
Enviado por Gelci Agne em 25/10/2007
Reeditado em 28/10/2010
Código do texto: T708662
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