Prece ao amor

Ah, a doce melodia do gorjeio dos pássaros,

anunciando a manhã que chega sorrateira

me trazendo a certeza de que a vida é sim passageira,

mas que cada um de seus momentos têm em si

uma verdade encrustrada,

do muito que vale amar e ser amada,

do pouco que custa doar amor e mais nada.

Ah, eu quero hoje sentir raios de sol em minha pele

queimando cada célula, agitando cada átomo,

me fazendo sentir a intensidade da vida

me fazendo fremir a cada raio, cada contato,

me fazendo esperar ainda mais, desejar intensamente

esse sentimento que me impele a alma, que me faz viva

que me tira a calma, me completa e me inquieta

que me faz andar por sobre águas, que me faz plena e poeta.

Ah, que dizer das horas inebriantes, do puro amor dos amantes?

Dos anseios do corpo e da alma, da perda indecente da calma

fazendo bolir com a moral e os costumes, fazendo rir das vergonhas

fazendo entregar-se ao deleite, decompondo cada gesto em artimanhas

capazes de tirar o sono, a fome, a coerência, e a própria decência

em nome de uma verdade bem(dita), em nome de uma doce querência.

Não quero a ordem dos homens da lei, nem a ordem métrica dos versos

não quero regras nem cobranças, nem acordos ou alianças,

quero a leveza das folhas que caem, quero sons alienados e desconexos

quero pisar a areia com os pés, fazer desenhos no ar, criar danças

da chuva, da fertilidade, da esperança, tal qual índios e crianças,

viver naturalmente, sem amarras, rótulos ou enfeites,

e esperar que o destino se cumpra, que faça valer minha crença

de que viver sem amor é inútil, e quem ama marca por si uma sentença

de que o amor é o grande segredo da vida, e de todas é a verdade mais bem (dita).

E, quando da minha morte, a hora chegar finalmente,

que não esteja na minha lápide um triste lamento

mas a verdade estampada e entalhada, para sempre

de que aqui viveu alguém que amou plena e intensamente.

Monica San
Enviado por Monica San em 27/10/2007
Código do texto: T711700
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