Em algum lugar...
Aconteceu no momento em que eu estava sozinha à meia luz do quarto...
No silêncio descuidado e livre quando a lua invadia o ambiente com os sons e aromas da noite.
Distraí-me. Fechei os olhos para melhor sentir o jasmim perfumando o ar...
A menina saiu de mansinho igual o farfalhar mudo das asas de um beija flor...
Lembro-me apenas, que usava chapéu de palha cobrindo uns olhos brilhantes e sonhadores.
Ela foi para onde podia andar e sentir a terra sob os pés, quando os pingos de chuva começam a cair do céu molhando os campos e enchendo os rios.
Sei que gosta de pisar descalça no capim, roçar as pernas nas folhagens úmidas e ásperas do caminho.
Tímida e ousada...
Fugiu porque queria ser parte desse ambiente agreste e puro.
Desejava abrir os olhos para os mistérios da vida.
Na aragem de um sonho ser menina e mulher, música e poesia, alma amanhecendo.·.
Talvez a encontrem dormindo num canteiro orvalhado de lírios da Serra.
Sentindo no corpo a umidade fresca que a noite deixou na relva.
É quase certo que esteja visitando as nascentes do meu passado.
Se alguém achar a menina que eu fui, avise-me, por favor...
Preciso saber dela para reconhecer-me.

Maria Mineira
*Para todas as mulheres meninas que nunca deixam de sonhar!



Maria Mineira
Enviado por Maria Mineira em 08/03/2021
Reeditado em 09/03/2021
Código do texto: T7201895
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