Ô mãe

Minha mãe se foi e um beija-flor nos visitou, três dias depois, pra dizer que estava bem. Ela se foi porque o tempo lhe encheu o peito, o ar se tornou pequeno e o brilho se refez. Ela me chamava de roginho e levava um pedacinho de cada um em si. Já havia enfrentado tudo: a pobreza, a doença e saudade pra sentir. Mas não resistiu à cirurgia. Não resistiu aos tempos e ao fim. Nos últimos dias, ensinou sobre tudo. Mostrou o amor mais puro. Ensinou a resistir e ao que realmente vale a pena. Partiu gigante e plena. Partiu sorrindo. Cuida-la nos produziu mais vida, porque é uma oportunidade poder cuidar dos membros da nossa etnia. A vida é um dia e agora um beija-flor nos habita. É o beija-flor mensageiro de alegria. Um até logo com muito axé, filha de Xangô, de Nossa Senhora de Fátima e de Nossa Senhora de Aparecida.