MORTO-VIVO

Hoje acordei mais vivo

Porque ontem tive coragem de morrer.

Senti a pujança e a contundência das coisas

Tão fortemente, que elas me cairam como cócegas cerebrais,

Corporais, altamente saudáveis...

 

Não repararei no dia.

O dia sou eu.

 

Eu sou mais leve que a menor gota

De qualquer chuva.

Sou mais reluzente que qualquer filete

De qualquer sol.

 

Saí da noite e entrei no dia

Com a roupa trocada por dentro

E prestei atenção ao vôo de uma borboleta azul

(ou de um azul borboleta) e percebi que elas

Voam totalmente chapadas, descontroladas,

Realmente livres...

Que vôo lindo: curvas tortas, sem alvo, sem direção...

Mas encontram a flor

E quando param e esticam as asas

Mostram um cenário que até hoje ninguém chamou de feio.

Iguaçu
Enviado por Iguaçu em 03/11/2007
Código do texto: T721155
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