Pelo Dia Mundial da Poesia

Entre ser a ponte e aquele que transita por ela, é desafiador ficar na primeira posição .

Na ponte, vê quem passa. Ego.

É não arredar da condição de tê-lo pela ótica do olhar debaixo. É adquirir recursos para transmutá-lo, passando-o da condição de senhor para servo. Usando-o como capacho, pé de mesa, braço de sofá, puxador de geladeira, corrimão de escada, cálice, instrumento para beber Néctar Divino, que traz luz por meio da lâmpada.

Assim como a respiração tem o hiato que faz o ar entrar e sair do pulmão, o olhar oculto vê quando o ego murcha no derrotismo, e infla no heroísmo enganosos.

Aqueles ecos da consciência que busca vanglória, até mesmo, apontamentos das causas e efeitos do caos instaurado, das ruínas das construções do si, e da história.

a preguiça enxarcada na fala do "não tem jeito", "é isto mesmo", "fazer o quê".

Nela, encontra o evasivo ego no seu farejar, no seu rastejar na busca de atenção, na sua esperança montada entendendo ser realizada pelas próprias mãos, na sua capacidade ímpar de ser faceiro em infinitas frentes, na sua labuta antiga e inarredável de sucesso e poder, lançadof de lama no parabrisa da visão, ofuscando o reluzir do fogo divino em tudo, nas suas maquiagem e máscaras no disfarce da dor da certeza da morte e do fim, dos seus escorregos e enxarques no desejo e no apego, na sua capacidade e resistência para manter-se no quartinho escuro dos fundos desde muitos "onténs", gerenciando seu trabalho sob a luz da lanterna do intelecto, vazio e limitado.

Ser a ponte nos momentos de lucidez do ser, capacita o entendimento a cada vez mais dar espaço para o feminino Divino, Sabedoria, que enxerga a si mesmo quando em vigília, possuído pelas sombras que encobre a realidade.

Ponte e poesia tornam-se Um nestes instantes, enxergando pela janela e dentro de si , aquele que não tem mais o que buscar, a luz Adamantina como Um.

Daí, resta a alternativa do uso da palavra para expressar em forma de poesia, como cântico de libertação e espera, de forma velada, aguardando o legitimar da Fonte Divina por uma vaga na Escola Cósmica, na expectativa da imersão e diluição do ser para um novo renascer.

Márcia Maria Anaga
Enviado por Márcia Maria Anaga em 23/03/2021
Código do texto: T7214202
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