Texto
ELA É REALE por ter uma gatinha preta bem pretinha azeviche
amorosa e muito meiga, chamada Bernadette Maria,olhando para ela resolvi
numa conversa entre nós duas muito particular fa-
zer uns desabafos. Coisa pouca sem nenhuma importância real, apenas desabafo que entala na
garganta e entope o coração.
Então fui dizendo: minha gatinha preta, esperta fujo-
na e vadia, ilusionista de sonhos, vigia incansável
das noites vazias, guardiã secreta de todos os meus
segredos.
Vamos gatinha, deixa-me hoje ir contigo. Leva-me
entre as brumas da noite. Deixa eu me amparar no
teu salto, não sei saltar sózinha.
Mia pra mim baixinho. Deixa que eu te conte de mim.
Diz que me dá teu carinho.
Leva-me contigo esta noite. Quero saltar telhados e
varandas vazias. Ensina-me a miar pra Lua.
És rainha respeitada pelas outras, dona desse teu
território.
Depois dessa noite gatinha, terás sempre em mim
companhia para os teus mistérios noturnos, sombrios
e tão belos.
Olhando com aqueles olhinhos tão verdes disse-me:
Deixo sim, vem!