Borboletou com a Asa Dura 11

Vai adiantar surrupiar coisa velha? Não existe arrimo, muro de contenção, tábua de salvação que justifique ser dentro depois que o ser desperta para a consciência universal.

Estar na execução da melodia no instrumento, vida, quando se exigiu o uso dos órgãos do corpo e não encontrou-os, foi iniciar a escola do aprendizado da ausculta pelo coração, Sabedoria Divina inacessível para o olho acostumado ao ver para crer, apalpar para conferir, que revela o Sagrado que habita no coração do homem, desafiando ao uso do espírito aberto ao aprendizado superior.

Para quem tocava o órgão clássico em sofreguidão, sofrendo o risco de o pouco que tinha de visão do mundo espiritual poder ser tirado, indo desta para outra para o remanufaturar, passou ser desafiada para ser organista da própria vida.

Nesta condição, quando em ação, sendo na tempestade, ou na bonança, na fartura, ou na miséria, na felicidade ou na angústia, mesmo que seja na figura de uma fusa ou quartifusa, ouvidas oitavas acima ou abaixo, doravante é como ter arremate no coração por uma nota tocada por seres invisíveis de mundos ardentes distantes de luz, confirmando o estar na ação, sinalizando a finalização do compasso ou da pauta no dia...

E eu na pentagrama. Em cada amanhecer, mesmo que de relance, a Luz dourada invade a casa que moro, lembrando-me do agora, do compromisso com a realidade, advertindo-me que o rumo é para frente, o futuro, dependendo unicamente de mim para ser na orquestra, sem ânsia de resultado, tão somente confiante.

O violoncelista, o violinista, o saxofonista, o que toca o chelo, a guitarra, os tambores, as cítaras e tamborins, não são menos que o solista. Independentemente da participação no complemento ser muito ou pouco, dominam a música em execução, confirmam durante a melodia, quando adentram na realização, a pontualidade da expressão de quem vinha na base, dando seguimento como água continua do oceano.

Daí a figura dos Santos e Mestres da história, estão na plateia, aguardando-nos no realizar.

A vontade é nossa, o rumo, foi Deus quem traçou.

Em nenhuma das estações está fora a contribuição do período de cada uma delas para a florada.

Neste outono e inverno de significados, onde a reclusão repentina demanda obediência, que o despertar em nós, seja em que posição estivermos, sirva para o cultivo do solo, consciência cristica que semeará a humanidade do amanhã.

Que o futuro seja sentido no coração.

Em nós, para nós, por nós.

Márcia Maria Anaga
Enviado por Márcia Maria Anaga em 06/04/2021
Código do texto: T7225297
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