Repouso eterno

Ele compõe poesia no porão.

Mas por que?

O lugar o inspira?

Parece que sim.

Uma analogia da poesia

com o submundo,

nas profundezas.

Isso é muito estranho, afinal,

o porão lembra um lugar sujo,

insalubre, macabro.

Ele acha que é preciso

descer ao submundo.

Segundo ele a poesia é servil,

subserviente, subversiva.

Ela dever ser rebelde por natureza.

Poesia no porão, devo desacreditar?

Não. A poesia no porão

não é desqualificada.

Não perde a sua excelência.

Um dia os mecenas buscarão a poesia

no porão, e apreciarão tais beletristas.

Os poetas comporão neste lugar

onde seus versos, suas odes,

suas trovas, florescerão.

e porão poesia no porão,

O desespero da poesia que grita,

o tormento, o golpe final,

ante o último suspiro,

e dirão em suas queixas contritas:

Requiem aeternam!

Edir Araujo

Copyright@2017 todos os direitos reservados

Autor de A passagem dos cometas, Risos e lágrimas, A boneca de pano, Fulana (inédito) e muitos poemas, crônicas, contos, microcontos e artigos publicados na web "ad aeternum".

Edir Araujo
Enviado por Edir Araujo em 22/04/2021
Reeditado em 12/11/2021
Código do texto: T7238788
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2021. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.