Desesperança


      Chove! Que temporal dos diabos! O dia morre. O cinza se faz negro.Chove tanto que eu fico indecisa entre ir, enfrentar este aguaceiro em busca de gente com quem repartir a solidão, ou ficar sentindo o tédio de ver os minutos passarem, um a um, sem nada, absolutamente nada que me ocupe a mente ou o coração.

     Chove. Meus olhos estão cansados,como se tivessem chorado...como chora o tempo. Pouco a pouco vou me convencendo de que é melhor ficar, porque seja onde for eu irei comigo levando o meu tédio, a minha amargura.

     A chuva continua caindo em uma triste e insípida cantilena, que vagarosamente vai adormecendo a minha alma, criança cansada que se sente feliz por finalmente desaparecer nas trevas da inconsciência.

     O negro aumenta no tempo, pois a tarde se faz noite.O negro aumenta em mim, pois o tédio se faz desesperança.