Borboletou com a Asa Dura 27

Borboletou com a Asa Dura 27

Em cada instante, sem um minuto sequer dentro, pensou em borboletar com a asa dura na imobilidade do corpo, as reações para o respiro eram voluntárias, assumiu esforço irrestrito para manter-se na inteligência desperta para dar qualidade à traqueia para não entupir.

Aquilo que carregava como seu na mente, desapareceram. Tantos argumentos para ser com os pés no freio! Ser, no condicionamento da certeza do sofrimento vigente no mundo, na vontade inconteste no entendimento de mudança na forma do professar da fé na instituição a qual pertencia, na indignação com a injustiça social, com a violência entre os homens provinda da intolerância de raça, de credo, de cor, de opção sexual, de toda sorte de força da vontade de um ser humano sobre o outro, na busca de poder e glória, que fere o direito irrestrito de cada um para o despertar da necessidade de criar seu mundo, ver na sua própria ótica, interagir no seu gosto, com seu próprio corpo, no mundo.

Ficou tudo fora, Nietzsche e o Zaratustra no alto conclamando as obviedades mais profundas. Kant, com a pinça na mão expondo a essência subjacente à razão, os filósofos gregos e suas expressões míticas sobre tudo. As expressões do Uno pelos sábios orientais.

Ficou o principal, a essência devocional, a busca por ajuda Divina pela vontade pura desperta, junto com o amor incondicional em Deus e na Vida.

Na qualidade de protagonista e plateia, testemunha e vítima ocular dentro da tragédia que a havia acometido, em meio a baba que saia pela boca, e escorria dentro, passou ser desafiada a seguir com um calor amoroso indizível, que vinha mais de dentro ainda de todo aquele inferno, indiferenciado, que fê-la corresponder com cânticos mudos, não somente aqueles que havia cantado nos templos desde criança, mas outros de outras culturas. Era correspondida com amor e aceitação.

Falar destas coisas de um ser humano para outro, é o mesmo que não dizer. São experiências intransponíveis, onde um pode estar em um carro, e outro, num navio.

Os caminhos das almas são únicos na Terra, holograma universal vivenciado na multidiversidade.

Foi quando, sentada em uma poltrona no quarto do hospital, desconectada por alguns minutos do bipap, que demonstrou para o outro a presença da alegria do Espírito Em si.

Eram duas amigas, da mesma Instituição Religiosa que fequentava. No horário de visita, entraram no quarto com expressões de pureza e compaixão.

Colocaram os véus, tecidos de algodão, brancos e rendados colocados sobre as cabeças, usados em ocasiões onde as mulheres falam com Deus na Igreja, ou em casa.

Cientes que a amiga irmã não podia falar, saudaram-na com a paz de Deus. A Borboletinha respondeu pelo olhar: Amém!! Com as lágrimas escorrendo pelo rosto.

O pranto era de felicidade, aquela que jamais havia sentido com tanta correspondência, provinda da fraternidade universal entre os homens, que tanto o mestre Jesus Cristo pregou.

Neste instantes, experimentou a Unidade: A Paternidade Divina, com a fraternidade humana.

Cristina disse: estamos orando por você! Estamos sentindo sua falta!muito choro. Olhou em seus olhos, pôde sentir sua alma.

Miriam continuou: estava em casa, hoje pela manhã, e Deus me fez sentir de vir aqui cantar com você o hino trezentos.

E cantaram.

Foi a primeira vez que viveu literalmente as palavras do hino:

Ó Pai celestial – De amor eternal,

Imploro com todo o meu ser:

Vem me fortificar – E também consolar,

Com o Teu glorioso poder...

Márcia Maria Anaga
Enviado por Márcia Maria Anaga em 07/05/2021
Código do texto: T7250094
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