Um personagem em meio à chuva
Olhando através da janela
sintonizo-me com o tempo lá fora...
Agora, a chuva não cai apenas sobre o pequeno mundo
em que eu vivo
mas, dentro de mim...e parece sem um prazo certo...
agora, o frio enregela-me por dentro
como se nunca mais fosse retornar a luz
daquele Sol tão promissor...
Mas eu aceito esse momento...e a ele me entrego.
Sem amargura, desespero ou dor...
Porque a experiência de outros dias
ficou ali arquivada na memória...
de todos os dias que voltaram a ser brilhantes
depois de outras tantas noites escuras e sombrias.
É um daqueles momentos em que a história
teima em prosseguir...e as páginas do livro
não se fecham...mas o personagem insiste...
usando certas lembranças como armas poderosas
para cumprir um destino...seja lá qual for.
Estranhamente é a memória de outras chuvas persistentes
de outros frios enregelantes do passado
que o faz, agora, sorrir e ter esperança...
Talvez, se não houvesse esse intervalo sombrio
a luz do outro dia não parecesse tão vital...
No entanto, esse personagem que de repente sou eu,
persegue a luz do outro dia sem cessar...
só quer a luz.
E, sinceramente, nem se preocupa muito
como essa longa história, de tantas páginas,
vai terminar...